2 de Janeiro de 2020

Portugal pode concretizar a meta da neutralidade carbónica em 2050

O presidente do Conselho da Diáspora, que na sexta-feira realiza o sétimo encontro em Cascais, com o tema “Pensar a economia no nosso planeta”, disse hoje que Portugal tem mais-valias e deve afirmar-se na cadeia global da retenção de carbono.

“Portugal deve reposicionar-se e tem de ter um papel, provavelmente não de liderança, mas de integração na cadeia global de produção na retenção de CO2” (dióxido de carbono), afirmou Filipe Botton.

O país “tem mais-valias, a vários níveis, e tem de provar que as tem, (…) e que pode ajudar neste tema, através da inovação”, defendeu.

Em declarações à Lusa na véspera do evento, Filipe Botton lembrou que Portugal “tem uma série de empresas que têm investido em inovação em várias áreas relacionadas com o tema da sustentabilidade”, palavra que é “bastante lata” e “muito mais do que o ambiente”.

Por isso, considerou que, “através das suas empresas, dos seus agentes económicos”, o país “deveria tentar posicionar-se”, acrescentando: “E tem de se preparar para isso”.

Daí o Conselho da Diáspora ter trazido este ano o tema “Pensar a economia no nosso planeta” para discussão, referiu.

“Achamos que temos de preparar o futuro e devemos preparar os nossos jovens para enfrentarem este tema”, afirmou.

“Este é o nosso sétimo encontro, e como tem sido nosso apanágio, tentamos trazer visões dos nossos conselheiros, embaixadores informais de Portugal, que fazem parte do Conselho da Diáspora, sobre temas que sejam relevantes para Portugal”, recordou.

“Pensámos no `repensar a economia`, porque de facto, tem tudo a ver com o que se está a passar no mundo”, sublinhou Filipe de Botton.

Tem a ver com o mundo digital, os novos consumidores, o envelhecimento da população, a nova cadeia de produção que, “tem de ser repensada em função destes acontecimentos”, mas também com o “papel que Portugal pode ter sobretudo relativamente às tecnologias da retenção ou da recaptura de carbono”, explicou.

Para o empresário, o tema tem sido muito debatido e mediático, mas “cheio de `vipes`, porque infelizmente há mais `vipes` do que propriamente conteúdo pensado e refletido, nas redes sociais”.

“Tem a ver com captura do CO2, tem a ver com tudo a desatar a plantar árvores para compensar, através da fotossíntese, as emissões de CO2”, disse.

Mas, considerou “infelizmente, isso tudo para a sociedade de consumo em que vivemos, não chega”.

“Portanto teremos que criar novas tecnologias de retenção de CO2”, conclui o presidente da direção do Conselho da Diáspora.

Neste sétimo encontro, que decorrerá, como habitualmente na Cidadela de Cascais, estarão presentes mais de dois terços dos conselheiros presentes, ou seja, 62 dos 96 que fazem parte do conselho.

Um número que para Filipe Botton “demonstra uma preocupação de estarem presentes, de se aproximarem de Portugal, de poderem fazer as sugestões que acham que valerá a pena” e ainda “em criarem um `networking` [rede de contactos] desta diplomacia”, realçou.

O VII Encontro Anual do Conselho da Diáspora portuguesa tem como tema “Pensar a economia no nosso planeta” e vai debater, entre outros aspetos, os desafios da transição para um novo sistema de produção e consumo, lê-se no comunicado de lançamento do evento, que conta na sessão de abertura com a intervenção do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva e no encerramento com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Nos anos anteriores, o encontro anual do Conselho da Diáspora debateu temas como o talento e o sistema de educação nacional, o investimento, liderança e diversidade, cibersegurança, gestão na era digital, diplomacia cultural, competências para o século XXI, o desenvolvimento da indústria audiovisual em Portugal.

O Conselho da Diáspora Portuguesa é uma associação privada sem fins lucrativos, fundada em 2012, com o Alto Patrocínio da Presidência da República e do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Este ano foi reconhecido pelo Estado Português com o estatuto de Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD), pelo trabalho que tem vindo a ser desenvolvido em favor das relações entre Portugal e África. através da plataforma EurAfrican Forum.

O seu principal instrumento de intervenção é uma rede de ligação entre portugueses e lusodescendentes, a World Portuguese Network, que integra 96 membros, espalhados por 26 países e 50 cidades em cinco continentes, com intervenção e influência nas áreas da Economia, Ciência, Cultura e Cidadania.

Por RTP/Lusa, Dezembro de 2019