O Financial Times destaca a originalidade arquitectónica dos hotéis portugueses, apontado-a como a nova tendência do ramo.
O resultado são “pequenos espaços alternativos, perfeitamente desenhados por alguns dos maiores nomes da arquitectura no país”. E se, antigamente, o principal foco dos grandes arquitectos era as cidades, actualmente, a maioria destas inovações encontra-se em zonas rurais, onde apresentam uma “forte ligação com a paisagem e a natureza que os rodeia”. Quem o conta é Mary Lussiana, jornalista que assina a peça, segundo a qual estes projectos recorrem a materiais pouco convencionais como cortiça e madeira reciclada. O primeiro estabelecimento deste género a dar-se a conhecer ao mundo foi as ‘Casas na Areia’, na Comporta, que, inclusive, chegou às ‘machetes’ na Bienal de Veneza de Arquitectura, em 2010.
Aqui, o chão é, literalmente, areia, “em tons dourados, do tipo que nos faz querer mergulhar os nossos pés”. Revestidas a madeira e palha, as ‘Casas na Areia’, de Manuel Aires Mateus, serviram de inspiração aos próximos projectos do arquitecto: Cabanas no Rio, também na Comporta, e a Casa no Tempo, no Alentejo. Destaque também para a propriedade Rio do Prado, nos arredores de Óbidos, idealizada por Jorge Sousa Santos, segundo o qual a arquitectura tem vindo a adquirir contornos completamente distintos daqueles que a definiam há cerca de quinze anos.
Agora, uma das principais preocupações no trabalho de um arquitecto passa, precisamente, por “integrar o seu produto na paisagem”. Não menos notável e importante, segundo o Financial Times, é o paradoxo entre o nome de um grande arquitecto e os projectos de pequena escala que estes, actualmente, preferem idealizar. A título de exemplo, Mary Lussiana refere Eduardo Souto de Moura, responsável por infraestruturas de referência como o estádio de Braga, mas também do icónico ‘The Four Rooms Hotel’. O mesmo consiste na recuperação de uma “antiga e elegante casa do século XIX”, e conta, como o nome indica, com quatro quartos exclusivos, junto à Foz, no Porto.
O mesmo serviu de inspiração para um projecto idêntico que o arquitecto, inclusive, já se encontra a preparar, desta vez para o Parque Natural de Montesinho. Referência também ao trabalho conseguido com o Villa Extramuros, o novo B&B com cinco quartos, no Alentejo, da autoria do arquitecto Jodi Fornells, onde a cortiça marca uma forte presença, capaz de isolar aquele espaço num silêncio único e característico.
Segue-se o Ecork Hotel, perto de Évora, de José Carlos Cruz. O mesmo é composto por 56 apartamentos independentes, agrupados em torno do edifício principal, revestido a cortiça, onde se encontra o restaurante e restantes áreas de lazer para os hóspedes. Por último, e talvez “o mais revelador de todos os projectos”, está o projecto de Tiago e Luís Rebelo de Andrade para o Parque Natural das Pedras Salgadas, em Bornes de Aguiar. O mesmo consiste em duas casas de madeira, suspensas entre as árvores daquele espaço.
Leia AQUI o artigo completo, em inglês, publicado no Financial Times.
Por Boas Notícias, 02 de Maio de 2014