19 de Outubro de 2023

Conselho da Diáspora tem nova estratégia para usar rede de conselheiros

O Conselho da Diáspora Portuguesa tem uma nova estratégia que passa por exponenciar as propostas apresentadas pela rede de conselheiros. Em resposta a questões colocadas por escrito, três líderes deste conselho, António Calçada de Sá, Paulo Morgado e Pedro Pereira da Silva explicam os objetivos.

1- Como nasceu o Conselho da Diáspora Portuguesa?

O Conselho da Diáspora nasceu em 2012 de uma iniciativa da Presidência da República juntamente com vinte e dois membros fundadores e com o objetivo de ajudar a dinamizar e reforçar a imagem e prestígio de Portugal no mundo. Entre os vários objetivos, destacava-se o apoio de uma rede de conselheiros de âmbito global, que, pelo seu prestígio e influência tivessem a possibilidade, motivação e interesse de promover iniciativas a favor de Portugal na área de investimentos, inovação e ciências, saúde, arte, cultura e cidadania. 

2- Quais são as metas atuais e os projetos futuros deste conselho?

A nova estratégia lançada pela  atual direção e apoiada pela Presidência da República e Ministério dos Negócios Estrangeiros tem como principal objetivo reforçar e complementar o legado recebido e relançar as bases de uma diáspora mais moderna, mais ampla, mais forte, mais jovem e mais inclusiva com projetos, tração e impacto nos cinco continentes , e nas várias regiões e países. No início deste mandato o número de conselheiros de Portugal no mundo rondava os 80, sendo neste momento a rede constituída por 200 conselheiros em cinco continentes e mais de 40 países. Para este efeito foram lançados vários projetos, entre os quais se destacam:

  • Diáspora + Erasmus : com o objetivo de promover o conhecimento de Portugal e o contacto académico de luso descendentes com universidades e empresas portuguesas em campus de verão, cursos de pós-graduação, estágio em empresas portuguesas, etc..
  • Acordo com a Rede Global (da Fundação AEP) e com o Conselho das Comunidades para identificação de empresários e empresárias portuguesas espalhados pelo mundo com vocação e interesse de ajudarem Portugal.
  • Projeto Portugal Ponto Pt: plataforma digital para ensino de português no mundo.
  • Lançamento dos Núcleos Regionais da Diáspora para, através de coordenadores locais, assegurar a implantação e seguimento dos vários projetos.
  • EurAfrica Fórum (EAF): manter e reforçar o EAF que neste momento alcança números impressionantes de representação, impacto e assistência como se pode verificar nas edições de 2022 e 2023: o Presidente da República portuguesa, mais de 10 ministros africanos e portugueses, altos representantes da União Europeia, da ONU e da NATO, empresários, académicos e “influencers”. Este evento conta com uma presença de mais de 500 pessoas por dia durante dois dias e tem enorme cobertura e impacto mediático.
  • Em 2024 está previsto lançar o EuroAméricas e a Diáspora Jovem.

3- Que tipos de ações têm vindo a promover?

Todas as ações mencionadas no ponto anterior são reforçadas nos eventos internacionais e encontros com a diáspora, aproveitando as visitas ao estrangeiro do Presidente da República e do Governo. Importante referir ainda que foi lançada a plataforma All in One (uma espécie de LinkedIn privado) que “liga/conecta” todos os portugueses da rede da diáspora por continente, região ou país , por setores e/ou áreas de atividade e interesse o que permite tê-los em contacto direto imediato (online).

4- Quais os desafios que se apresentam para mobilizar a diáspora?

Temos que encontrar todos os portugueses e portuguesas que tenham a motivação e o interesse de ajudar Portugal nas diversas linhas de ação da diáspora. São projetos muito concretos que podem ajudar a reforçar o papel e a imagem de Portugal no mundo. São projetos que podem ajudar as empresas e os empresários portugueses fora de Portugal e dentro de Portugal.

5- De que forma os empresários espalhados pelo mundo podem ajudar a economia portuguesa?

Por exemplo, investindo em Portugal, trazendo as suas empresas, a sua experiência e talento para Portugal. Mas também ajudando outras empresas portuguesas nos seus projetos de internacionalização.

6- Sentem que existe disponibilidade deles para este envolvimento?

A disponibilidade vai aparecendo em função da qualidade dos projetos lançados, do impacto que podem gerar e da motivação própria de cada empresário.

7- E para investirem em Portugal? Em que áreas?

Depende. Seria normal o investimento nas áreas ou setores que eles dominam mas também podem ser investimentos em áreas de crescimento ou com maior potencial da nossa economia.

8- A nossa diáspora está subaproveitada?

Até hoje, a diáspora baseava mais a sua intervenção na promoção de eventos que servem para promover a presença de Portugal no mundo e criar um espírito de corpo entre os vários conselheiros.

No entanto, por questões de agenda, nem todos os conselheiros podiam participar nestes eventos, e, por isso, foi necessário encontrar uma fórmula que pudesse alargar a contribuição de todos para a diáspora, sob a forma de propostas e projetos com grande capacidade de implementação. É assim que nasce a ideia dos Núcleos Regionais da Diáspora, permitindo um movimento “bottom-up” que complementa a realização dos eventos organizados pela diáspora.

9- O conselho está dividido por núcleos. Quais são eles, como funcionam e o porquê desta estratégia?

Os Núcleos Regionais da Diáspora são América do Norte (Leste e Canadá, Oeste), América Central e do Sul, Brasil e África, coordenados por Pedro Pereira da Silva, e Europa (Ocidental, “Leste” e Espanha) e Ásia, coordenados por Paulo Morgado. Os grandes objetivos destes núcleos podem resumir-se nos seguintes pontos:

  • Aumentar/consolidar a diáspora, nomeadamente, através do aumento da sua visibilidade e relevância no contexto económico e social;
  • Identificar potenciais conselheiros para a diáspora;
  • Fomentar/fortalecer networking direto (entre conselheiros) e indireto (“influencers” estrangeiros que contribuirão para uma diáspora alargada);
  • Partilhar clima económico-empresarial dos países/regiões;
  • Facilitar acesso a clientes internacionais para as empresa em Portugal;
  • Incentivar investimentos em Portugal (incluindo a construção de “framework” para investimentos de Portugal em regiões/países específicos);
  • Levar Portugal ao mundo, nomeadamente, através da ações na educação e ciência, arte e cultura ou cidadania em geral.
  • Compartilhar “benchmarking” de sucessos internacionais para potenciais aplicações em Portugal.

Para que a participação das pessoas que vivem nos vários países pudesse ser mais eficaz, traduzindo-se em propostas e projetos concretos para melhorar Portugal, definimos um conjunto de rituais, que passam por i) comunicações internas, ii) reuniões regulares, iii) eventos, iv) produção de documentação (interna e externa), v) presença nos media (em Portugal e no estrangeiro).

10- Como é que o conselho se relaciona com as delegações da Aicep e as embaixadas?

Neste momento a coordenação que há é ainda muito informal. Queremos poder definir um RACI (responsável; decisor; consultado; informado) que distribui responsabilidades entre entidades com objetivos convergentes com os da diáspora, de modo a explorar um máximo de sinergias entre as várias organizações. Estamos certos de que a visão empresarial, científica e cultural trazida pelos conselheiros, estando todos eles ativos em organizações que se posicionam como inovadoras, só poderá complementar e trazer atualidade às embaixadas, câmaras de comércio, delegações da Aicep e outras entidades que têm como missão aumentar a presença de Portugal no mundo.

11- O que pode o Governo e o Presidente da República fazerem para potenciar a atração da diáspora?

A participação do Presidente da República e de altos representantes do Governo nos vários eventos da diáspora, tem trazido uma visibilidade grande ao nosso trabalho e, sobretudo, sentido de compromisso de Estado. No entanto, queremos ir mais longe, aproveitando as propostas e projetos dos núcleos regionais: queremos poder apresentar, todos os anos, um documento com um conjunto de recomendações trazidas pelos vários conselheiros, consubstanciando oficialmente, deste modo, a missão que cada um tem ao pertencer à diáspora portuguesa. 

Consulte a entrevista original aqui.