24 de Setembro de 2018

David Lopes promove debate sobre mercado de trabalho

“O trabalho é um dos espelhos mais nítidos da sociedade que conseguimos construir em conjunto”. É desta forma que o diretor-geral da Fundação Francisco Manuel dos Santos e Conselheiro da Diáspora, David Lopes, justifica o encontro que debateu o mercado de trabalho.

«O trabalho dá que pensar» é o tema da conferência da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) que junta especialistas mundiais em Lisboa até domingo. Aproximar os temas das pessoas é o desafio da Fundação que considera que certos assuntos deixaram de ser ignorados desde a troika.

Pelo Jardim Botânico Tropical de Lisboa vão passar figuras como o cofundador da Wikipedia Jimmy Wales, os economistas David Autor e Juan Dolado ou até mesmo o biólogo e fisiologista Jared Diamond. Em diversos painéis, vão discutir o futuro do mercado de trabalho não apenas em termos tecnológicos, mas também sociológicos.

David Lopes considera nos últimos anos os portugueses têm vindo a acordar para alguns assuntos. “Este período de ajustamento e de assistência internacional que Portugal viveu, com custo, dor e sacrifício para todos, permitiu que alguns dos temas que eram quase ignorados, desprezados, eventualmente entendidos como não importantes, passassem a estar na agenda”, sublinha.

No entanto, há um longo caminho a percorrer. “Levar os assuntos às pessoas de forma que seja entendível, não levar o ‘economês’, não levar o ‘Portugal sentado’, fazer com que as pessoas vivam os seus problemas. Chegámos a um ponto em que a própria discussão político-partidária está muito desqualificada, tem pouco nível, as pessoas não se ouvem, não se respeitam, é tudo aquilo que queremos evitar quando organizamos um encontro destes”, afirma David Lopes.

Temas para o futuro

Com o 10.º aniversário da FFMS à porta, o diretor-geral elege alguns dos temas que vão marcar a agenda ao longo dos próximos meses. Sem querer revelar os planos concretos para 2019, David Lopes destaca o estudo do papel da mulher na sociedade portuguesa, a sustentabilidade da segurança social, as alterações climáticas, a cultura ou a própria economia como temas a ter em atenção.

Questionado sobre os grandes desafios que o país vai ter pela frente, David Lopes é claro: “têm de haver alguns consensos em áreas em que temos de investir”. O diretor-geral da FFMS nota que a educação e a qualificação dos recursos devem ser prioridades. “Se não o fizermos nunca venceremos a questão da produtividade. Fazer isto em conjunto é também ter a capacidade de atrair mais investimento e desenvolver indústrias com mais valor acrescentado”, justifica.

Por fim, as grandes reformas. “Não fizemos ainda as grandes reformas estruturais do país”, lembra David Lopes reconhecendo que talvez não seja no próximo ano que elas serão feitas. No entanto, deixa o aviso: “É isto que torna uma sociedade mais justa e reduz as desigualdades”.

Por TSF, Setembro de 2018